
Amanhece…
Nem percebemos o sol
Em sua magnitude
É dado início a corrida
Olhamos o relógio
Para contar os minutos
E começamos correr
Até nos perdermos
Na cronometragem do tempo
Observamos as horas frias
O pulsar técnico
Do ponteiro veloz
Avançando em segundos
Sobrevoando os números
E o tic tac não pára
Obedecendo padrões
Cobrados, impostos
Por todos e por nós.
Não reparamos o essencial,
As metáforas da vida
Para seguirmos planos
Metas frígidas.
Sem parar pra sentir
Viver profundamente,
Olhar a singularidade,
Ver o sentido das coisas
A beleza do simples.
Preferimos existir
Superficialmente,
Viver as versões da vida
Que nos são apresentadas
Por outrem.
Deixando de mergulhar
No nosso interior
Atentar para as batidas,
A sonoridade do coração
Optamos ficar
Na superfície da existência
Sem dor e sem cor.
ANINHA MARTINS, de Ipu – Escritora, Poetisa, Professora